segunda-feira, 2 de abril de 2012

RECÉM CASADOS, RECÉM BRIGADOS...


Quando pensamos em casais recém casados a primeira imagem que nos vem a cabeça é de dois pombinhos em “lua de mel” numa época de encantamento. Sem dúvida essa imagem é real, mas ela nos mostra apenas um lado da moeda. O primeiro ano de casados é um dos períodos mais difíceis, pois é nele que os primeiros desencantamentos e adaptações acontecem, e na maioria das vezes o casal não esta preparado para isso.
As primeiras desilusões do casamento são as mais dolorosas, justamente porque impõe que se faça um luto do mito de “casar e ser feliz para sempre”. Descobrir que o casamento não é um mar de rosas e que existe solidão dentro da vida a dois é uma ferida difícil de cicatrizar. Além das dificuldades previsíveis quanto a administração doméstica, distancia da família de origem, questões de gerenciamento financeiro, vejo que uma das maiores dificuldades dos jovens casais reside na discrepância das expectativas de homens e mulheres, e seus jeitos tão diferentes de construir a conjugalidade.
As mulheres se casam com expectativas irreais de romance e companheirismo. Na maioria das vezes esperam que o marido possa suprir todas as suas necessidades de afeto e atenção, e diante disso centram todas as suas atividades nas tarefas do lar, nos mimos com o parceiro, deixando de nutrir outros relacionamentos importantes. Essa é uma grande armadilha! O casamento pressupõe exclusividade sexual e não afetiva! É importante manter o círculo de amigos, os pequenos prazeres individuais, as coisas nutritivas que existiam na vida antes do casamento. As mulheres acabam abrindo mão de bem mais coisas do que precisam e com isso cobram que os maridos façam o mesmo! Aí começa um mar de queixas e reclamações, num clima que ao invés de aproximar, afasta, num ciclo de desapontamentos mútuos...
Os homens se casam com a expectativa de construir um lar, somando a suas vidas a convivência diária de afeto e aconchego buscando apoio para conquistar conforto e segurança. Apesar das mudanças culturais, os homens ainda se cobram ser os provedores do lar, buscando conforto material e estabilidade financeira, muitas vezes focando sua atenção em não deixar faltar nada (de material!) a suas parceiras, mas descuidando da parte afetiva. Diante disso, os homens passam a investir muita energia no trabalho, e acabam por buscar nos espaços individuais o abastecimento para aliviar as tensões causadas pelas novas responsabilidades, deixando espaços restritos para a vida a dois.
Diante deste panorama fica claro que o principal conflito do inicio da conjugalidade é conseguir equilibrar investimento na relação. Neste sentido homens e mulheres precisam de uma boa comunicação para construir o equilíbrio entre os espaços conjugais e individuais, aprendendo um com o outro novas formas de se relacionar. Se por um lado as mulheres precisam continuar a investir nas amizades e pequenas gratificações individuais, os homens precisam aprender a construir espaços de lazer e prazer a dois, descobrindo que ficar junto não é apenas estar fisicamente presente.
Inicio de casamento é antes de tudo uma fase de construção, e construção da base que irá sustentar toda a vida a dois. Se os problemas se intensificarem nesta fase é hora de procurar ajuda pois pequenos ajustes no inicio evitarão grandes problemas no futuro.