terça-feira, 12 de junho de 2012

Desabafo de mulher no Dia dos Namorados!


   Rolo na cama, e antes mesmo de abri os olhos expectativas impertinentes me invadem sem dó ou piedade: É 12 de junho! É dia dos Namorados! Não quero pensar nisso, mas não consigo desviar o foco... minha mente tenta argumentos racionais para combater as expectativas mirabolantes: “é apenas um jogo comercial para vender presentes!”... “homens são diferentes de mulheres, não se prendem a datas...” Não pareço muito convincente... e não sou! Mesmo sem querer minhas mãos percorrem o travesseiro ao lado em busca de algo... um bilhete, uma rosa, um bombom...  Ah já comecei...

            Um bip do celular me faz dar um pulo. Mensagem apaixonada? Será? Mãos frenéticas se atrapalham e acessar o texto é quase um desafio... e para quê? Sinto vontade de jogar o aparelho na parede ao ler uma mensagem de uma loja qualquer, desejando um “Feliz dia dos Namorados” e oferecendo presentes de ultima hora... bem que ele podia receber um desses! Fico chateada por pensar nisso, não quero presentes de ultima hora! Quero algo planejado, pensado, que demonstre que ele me conhece, que sabe meus gostos e esta preocupado em  agradar. Rio ao pensar em meu nível de exigência, esta tão alto porque são apenas oito horas da manhã... as três da tarde eu já estarei considerando um óbvio buquet de rosas vermelhas uma dádiva.

            Entro no banho me recriminado por dar tanta importância a detalhes de um dia tão clichê. Porque o despertar de hoje é tão importante, se em tantos outros dias acordei com ele tecendo elogios a minha beleza apesar de eu estar escabelada e de cara amassada? Porque hoje espero flores se as verdadeiras provas de amor talvez estejam escondidas naqueles gestos singelos, como trazer limão no dia que falei que estava com dor de garganta, ou naquele doce especial da cidade vizinha que ele sempre traz quando passa por perto? Porque hoje espero tanto uma programação especial se a menos de uma semana ele me surpreendeu com um jantar delicioso só porque sabia que eu tinha tido um dia ruim?

            Me acalmo dizendo a mim mesma que sou mulher e que esperar um dia especial no dia dos namorados faz parte da minha natureza, seja ela romântica ou competitiva. Sei que vou querer morrer ao ver as amigas postando fotos de flores e presentes no facebook e não ter nada para compartilhar... nem que seja uma frase enigmática sobre a noite maravilhosa... Me sinto ridícula, mas sei que é verdade... fere meu orgulho admitir, mas contar aos outros como somos amadas é quase tão prazeroso quanto receber presentes.

            Que roupa vestir? Difícil escolha. Não quero algo que pareça muito arrumada, tipo “esperando uma surpresa”, nem algo corriqueiro que faça eu me arrepender de não ter caprichado mais. Na dúvida uma lingerie linda, vai que rola um sequestro para o motel no horário de almoço? Ou uma visita surpresa no meio da tarde? Hoje é melhor estar preparada, e preparada para tudo!  É dia de torcer para que as surpresas (ou ausência delas!) não virem frustrações...

            Tento dissipar todos estes pensamentos e focar no dia de trabalho, afinal não é feriado e a vida precisa seguir. Me olho no espelho e gosto do resultado, falo em voz alta que tenho muitos dias dos namorados por ano e que sei que ele me ama, e muito, independente do que aconteça hoje. Apesar do sorriso ainda não pareço convincente... bem, eu tentei! A campainha toca: Será que é a floricultura? Ou ele com uma linda cesta de café da manhã? Sorrio enquanto corro para  a porta. Não adianta, mesmo a mais moderna das mulheres ainda é refém de suas expectativas a cada 12 de junho!


segunda-feira, 2 de abril de 2012

RECÉM CASADOS, RECÉM BRIGADOS...


Quando pensamos em casais recém casados a primeira imagem que nos vem a cabeça é de dois pombinhos em “lua de mel” numa época de encantamento. Sem dúvida essa imagem é real, mas ela nos mostra apenas um lado da moeda. O primeiro ano de casados é um dos períodos mais difíceis, pois é nele que os primeiros desencantamentos e adaptações acontecem, e na maioria das vezes o casal não esta preparado para isso.
As primeiras desilusões do casamento são as mais dolorosas, justamente porque impõe que se faça um luto do mito de “casar e ser feliz para sempre”. Descobrir que o casamento não é um mar de rosas e que existe solidão dentro da vida a dois é uma ferida difícil de cicatrizar. Além das dificuldades previsíveis quanto a administração doméstica, distancia da família de origem, questões de gerenciamento financeiro, vejo que uma das maiores dificuldades dos jovens casais reside na discrepância das expectativas de homens e mulheres, e seus jeitos tão diferentes de construir a conjugalidade.
As mulheres se casam com expectativas irreais de romance e companheirismo. Na maioria das vezes esperam que o marido possa suprir todas as suas necessidades de afeto e atenção, e diante disso centram todas as suas atividades nas tarefas do lar, nos mimos com o parceiro, deixando de nutrir outros relacionamentos importantes. Essa é uma grande armadilha! O casamento pressupõe exclusividade sexual e não afetiva! É importante manter o círculo de amigos, os pequenos prazeres individuais, as coisas nutritivas que existiam na vida antes do casamento. As mulheres acabam abrindo mão de bem mais coisas do que precisam e com isso cobram que os maridos façam o mesmo! Aí começa um mar de queixas e reclamações, num clima que ao invés de aproximar, afasta, num ciclo de desapontamentos mútuos...
Os homens se casam com a expectativa de construir um lar, somando a suas vidas a convivência diária de afeto e aconchego buscando apoio para conquistar conforto e segurança. Apesar das mudanças culturais, os homens ainda se cobram ser os provedores do lar, buscando conforto material e estabilidade financeira, muitas vezes focando sua atenção em não deixar faltar nada (de material!) a suas parceiras, mas descuidando da parte afetiva. Diante disso, os homens passam a investir muita energia no trabalho, e acabam por buscar nos espaços individuais o abastecimento para aliviar as tensões causadas pelas novas responsabilidades, deixando espaços restritos para a vida a dois.
Diante deste panorama fica claro que o principal conflito do inicio da conjugalidade é conseguir equilibrar investimento na relação. Neste sentido homens e mulheres precisam de uma boa comunicação para construir o equilíbrio entre os espaços conjugais e individuais, aprendendo um com o outro novas formas de se relacionar. Se por um lado as mulheres precisam continuar a investir nas amizades e pequenas gratificações individuais, os homens precisam aprender a construir espaços de lazer e prazer a dois, descobrindo que ficar junto não é apenas estar fisicamente presente.
Inicio de casamento é antes de tudo uma fase de construção, e construção da base que irá sustentar toda a vida a dois. Se os problemas se intensificarem nesta fase é hora de procurar ajuda pois pequenos ajustes no inicio evitarão grandes problemas no futuro.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Sexualidade e seus tabus

Não há assunto que gere mais curiosidade (e constrangimento!) do que a sexualidade humana. É só dar uma olhada nas capas de revista para ver manchetes vendendo receitas para uma boa vida sexual: “Manual da primeira vez”, “Saiba como apimentar seu casamento”, “Dicas para manter o fogo na maturidade”, e por ai vai... Homens e mulheres, das mais variadas idades buscam tais leituras na esperança de descobrir a receita para a satisfação sexual.
Atualmente há um crescente reconhecimento da importância da sexualidade, tanto que a OMS - Organização mundial de Saúde - preconiza que ter qualidade de vida engloba quatro aspectos fundamentais: família, trabalho, lazer e sexo. Em geral, as pessoas tem facilidade para buscar ajudar nos primeiros 3 aspectos, mas procurar tratamento para problemas na sexualidade
ainda é busca de poucos..
Muitos são os motivos para empurrar com a barriga os problemas sexuais; e neste sentido há 3 mitos que precisam ser combatidos:
1- “Sexo é algo inato e natural” - A crença de que já nascemos sabendo o suficiente sobre sexo é a maior vilã da sexualidade! Como no esporte, a
qualidade do atleta vai depender do conhecimento das suas capacidades físicas, do aprimoramento da técnica e da disciplina em buscar se superar a cada treino. Neste sentido, uma boa vida sexual dá trabalho, exige tempo, dedicação, busca por informação e novidades,
tanto no sentido do auto-conhecimento (saber o que lhe dá prazer) quanto no conhecimento do outro e de suas preferências. Além disso, é preciso contextualizar a vida sexual à faixa etária, pois a vida sexual muda a cada década, sendo importante saber o que esperar do sexo aos 20, 30, 50, 60 anos... Na maioria das vezes pequenas mudanças geram grandes resultados!
2- “O casal se entende só no olhar” - É mito que a sintonia na cama é algo espontâneo e que portanto o dialogo é dispensável. Ao contrário, uma boa vida sexual depende da boa comunicação do casal! Não podemos esperar que o outro adivinhe ou “leia nas entrelinhas” o que agrada ou desagrada na cama, pois homens e mulheres são muito diferentes em seu nível de percepção. Geralmente os homens têm mais facilidade em pedir o que querem e tendem a dirigir o espetáculo, mas a maioria aprecia muito as iniciativas femininas. Aproveitar a intimidade do momento para elogiar o que é bom e sugerir o que pode ser ainda melhor é o caminho para a satisfação mútua.
3- “O que mais importa é qualidade não quantidade” – Sem dúvida temos que buscar qualidade, mas neste caso quantidade gera qualidade. Ao contrário do que muitos pensam sexo é algo que quanto mais se faz, mais se quer fazer... e também quanto menos se faz menor é o desejo e menor a freqüência, e isso é uma questão fisiológica! Desta forma precisamos ter disciplina na sexualidade e reservar momentos para buscar o desejo, ao invés de simplesmente esperar que ele aconteça. É preciso dedicar tempo e energia para a vida sexual, reservando espaço para ela na corrida agenda do dia-a-dia.
Como podemos ver, falar de sexualidade abre um leque amplo de novos conhecimentos. A terapia de casal se propõe a trabalhar a sexualidade, afinal ele é o alicerce de uma boa relação
conjugal. Muitos casais seriam capazes de vencer as batalhas do dia-a-dia se conseguissem se abastecer emocionalmente de uma vida sexual satisfatória.