quinta-feira, 14 de julho de 2011

Problemas escolares: o que fazer?

Metade do ano se passou, metade do ano letivo também já se foi e para muitos pais esse é só o inicio das preocupações. A entrega dos boletins acontece e para alguns traz com ele desagradáveis noticias. Saltam aos olhos os problemas de aprendizagem, certificam-se os problemas de comportamento... os pais se perguntam: e agora, o que fazer???
É hora de agir. Ainda há tempo hábil para resgatar o ano ao invés de, mais tarde, apenas tentar remediar os estragos. O primeiro passo é identificar qual a real dificuldade e descobrir sua origem; esta pode ser uma descoberta bastante reveladora.
Pesquisas apontam que mais de 80% dos casos de dificuldades escolares são resultado de problemas emocionais. É um dado alarmante, pois mostra o adoecimento psíquico de nossas crianças. Mas será isso mesmo? Porque nossas crianças estão adoecendo? Como terapeuta de casal e família arrisco aprofundar a questão.
Acredito que na grande maioria das vezes as dificuldades escolares são apenas um sintoma que denuncia um problema familiar. A escola acaba sendo o local onde a criança expressa sua confusão e angústia, mostrando que a sua sobrecarga emocional a esta impedindo de aprender, ou de se relacionar de forma saudável.
Nesse sentido, peço atenção especial aos diagnósticos apressados. Agora “estada na moda” o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e suas promessas de controle/cura através de medicamentos. Precisamos ter cautela! Muitas vezes a desatenção ou a hiperatividade são apenas sintomas usados para expressar as dificuldades e não chegam a preencher os critérios para um transtorno neuroquímico como o TDAH.
Na grande maioria dos casos os pacientes que chegam rotulados de portadores de TDAH estão na verdade reagindo a uma conflitiva bem específica. O mais comum é apresentar sintomas como reação a uma crise conjugal dos pais; neste sentido os sintomas estão a serviço de manter os pais ocupados com os problemas do filho e, de certa forma, evitar que a crise evolua para uma separação. É um processo doloroso, no qual a criança sofre muito, pois carrega sobre seus frágeis ombros todo o peso do desajuste familiar.
Diante disso vamos olhar para nossas crianças com mais atenção. Que verdadeiro recado os boletins nos trazem? O que os sintomas vêem denunciar? Sem dúvida a melhor alternativa quando o problema escolar aparece é buscar uma boa avaliação para descartar causas físicas e cognitivas e entender o real significado dos sintomas. Em todos os casos uma psicoterapia de família ajuda muito, pois além de permitir um olhar mais global sobre o problema acaba trazendo benefícios para toda a família.

A Disfuncionalidade dos Relacionamentos

Todos desejamos encontrar um companheiro, namorar, traçar um caminho comum e tentar “ser feliz para sempre...”. Essa busca, que se inicia na adolescência, muitas vezes perdura pela vida toda, mas nem sempre tem um final feliz. Todos ficamos chocados com o número significativo de crimes passionais ocorrendo em nossa cidade; verdadeiras tragédias que ceifam vidas na plenitude da juventude, desgraçando famílias inteiras e nos deixando sem saber o que pensar.

Não estou aqui para fazer diagnósticos ou julgamentos, mas sim discutir a questão sem pudores, focando na disfuncionalidade dos relacionamentos afetivos. Há sinais de alerta que precisamos conhecer para proteger nossos jovens de finais tão trágicos.

Precisamos estar atentos para as “pequenas violências” que já começam a acorrer no inicio dos namoros. A submissão e renúncia da identidade são as primeiras coisas a aparecer. Vemos meninas lindas, cheias de vida e espontaneidade começarem a se apagar diante de namorados ciumentos, abrindo mão dos amigos, do convívio com a família, dos gostos pessoais... claro que uma certa dose disso ocorre em todos os relacionamentos, mas nesses casos não é algo transitório, mas sim progressivo, que acaba gerando um distanciamento cada vez maior das pessoas que poderiam questionar tal posição.

Toda relação é uma questão de encaixe. Muitas vezes, enquanto um se submete e o outro dita as regras, a relação vai “bem”... até que alguém questione. Precisamos prestar atenção em como o jovem casal se organiza nas primeiras discordâncias: é sempre o mesmo a ceder? Há lugar para o diálogo? Há ameaças de abandono? Acontecem mudanças de ambas as partes ou apenas um se molda ao outro?

Precisamos educar nossos filhos para combater qualquer sinal de violência nos relacionamentos. Discussões muito ásperas e agressões verbais já são primeiros indícios de uma personalidade agressiva. Um mínimo empurrão, segurar os braços com força, um puxão de cabelo, um mínimo tapa... enfim, toda grande agressão inicia com uma pequena. Temos que orientar a todos que NENHUM TIPO DE VIOLÊNCIA é aceitável numa relação conjugal, pois sempre é a porta de entrada para agressões maiores.

A agressão física é o sintoma que expressa a impossibilidade de se comunicar. Nesse sentido, agressor e agredido são vítimas, pois estão reféns do descontrole e da inabilidade de encontrar outras formas de se comunicar. Relações onde existe agressão física são construídas sobre os pilares de abusos e submissão gerada pelo medo. Isso acaba gerando uma dinâmica perversa, onde a vítima se envergonha e silencia, muitas vezes se julgando causadora da agressão. NADA JUSTIFICA AGRESSÃO! Se conseguirmos passar essa premissa para nossos filhos, já conseguiremos evitar muitos desfechos catastróficos.

Vamos abrir canais de diálogo, conversar com nossos filhos adolescentes e jovens adultos sobre seus relacionamentos, sua satisfação conjugal e expectativas. Precisamos desmistificar a idéia de que sapos viram príncipes, mostrando que muitas vezes as coisas que nos desagradam no início podem se tornar intoleráveis com o passar do tempo. Claro que isso não é uma tarefa fácil. Para isso podemos contar com ajuda, buscando uma terapia de família para promover esse diálogo e reaproximar pais e filhos. Vamos investir em prevenção, usar as tragédias como motivadoras para a construção de novos caminhos rumo a finais mais felizes.

Psicoterapia na Maternidade

Estamos em uma época de muita inovação nos serviços oferecidos para terceira idade; cada vez mais se investe em serviços que melhorem as condições de vida de quem já conquistou os cabelos brancos. Nada mais lógico num país que, segundo pesquisas, tem hoje 19 milhões de idosos e previsão de dobrar este número até 2040. Apesar disso, percebo na clínica que essa demanda não tem sido apresentada nos consultórios de psicologia. Isso me faz questionar: não se acredita em psicoterapia para idosos?
Acredito que há muitos mitos e preconceitos em torno da necessidade e eficiência da psicoterapia para esta faixa etária. É comum eu ouvir frases do tipo: “Viveu a vida toda deste jeito, não vai mudar!”, “ Vai lá na terapia para ficar se queixando, isso já faz em casa” ou até “Tem tantos grupos que pode freqüentar, precisa é conversar, se divertir, isso é que vai ajudar”. O pior é que já ouvi frases desse tipo da classe médica e até de psicólogos, além de questionamentos de que tipo de terapia faço com pacientes tão maduros. Minha resposta é única: faço psicoterapia, e riquíssima!
Atender pessoas tão experientes é um privilégio e um grande desafio. Realmente, não dá para fazer uma psicoterapia tradicional, pois é preciso humildade e muita abertura para equilibrar tudo que se aprende e se ensina durante o processo. A experiência de vida é algo que confere muita autoridade a tudo que paciente nos traz, exigindo do terapeuta uma postura muito firme e ao mesmo tempo flexível para trazer opções de compreensão e de mudança condizentes com as teorias que acredita. Para esse processo dar certo é preciso mais que técnica, mais que saberes prontos, é preciso empatia e muito afeto para transformar antigas dores em novas possibilidades.
Geralmente que muito viveu tem muitas perdas, e por isso esse tipo de psicoterapia necessita de um conhecimento mais aprofundado sobre os processos de luto, tanto para trabalhar as perdas por morte ou separações, quanto para ajudar a elaborar as perdas do dia-a-dia, pois as limitações físicas se apresentam num ritmo crescente. Neste sentido, os idosos têm muito a aprender, pois se sua energia for bem administrada eles ainda podem muito.
Eu acredito em mudanças a qualquer tempo, seja a nível individual, conjugal ou familiar. Tenho muito orgulho de meus pacientes bem experientes que se abriram (ou estão se abrindo!) para a experiência, remexeram em dores do passado, enterraram mágoas e conquistaram mais saúde, mais qualidade de relações e melhor aproveitamento de suas capacidades. Isso me faz crer na psicoterapia para a terceira idade, defendendo com alegria que o ser humano é capaz de aprender em qualquer idade, até porque envelhecer é inevitável, mas amadurecer emocionalmente é uma opção de vida.