segunda-feira, 23 de março de 2009

O papel da família e da escola na atualidade













* Slides utilizados na discussão sobre o tema com pais de alunos da Escola Constructor (nov/2007), em Porto Alegre.


terça-feira, 17 de março de 2009

As Evoluções da Psicologia e da Terapia de Família


Estamos passando por um momento de “desmistificação” da psicologia. A cada dia mais pessoas tomam conhecimento desta ciência, passando a usá-la não apenas como um pronto socorro para crises instaladas, mas sim como ferramenta para uma melhor qualidade de vida e de relacionamentos.
A psicologia evoluiu: Saiu das 4 paredes do consultórios para interagir com a sociedade, para compartilhar saberes à serviço da saúde e bem estar das pessoas. Evoluiu do tratamento de sintomas individuais – “tratar os loucos” – para a busca de auto-conhecimento, expansão dos recursos pessoais, além da otimização das relações de casal, família e organizações.
A terapia de família se mostra como grande precursora deste movimento, afinal, todos temos padrões familiares para rever. Percebemos que a família pode ser tanto uma fonte de saúde, como de adoecimento e por isso se faz tão necessário conhecer suas dinâmicas.
Podemos considerar a família como um sistema complexo, marcado por relações intensas e transformadoras. Desde que nascemos, temos em nossos pais, avós e parentes próximos nossos modelos de vida, sendo a família a matriz geradora de todas as outras relações. Portanto, muitas vezes seguimos vida à fora repetindo padrões pouco funcionais, tropeçando e repetindo histórias vividas em família, num movimento que nos impede de evoluir.
As vivencias em consultório nos mostram que dificuldades nos relacionamentos familiares acabam gerando o adoecimento de todos os seus membros. Em função das diferenças pessoais, cada um manifesta esses conflitos de uma forma: alguns com doenças físicas freqüentes, outros com perda de funcionalidade e problemas no trabalho, desadaptações escolares, problemas emocionais... enfim, cada um “escolhe” um sintoma que faz um link com suas questões individuais e a problemática familiar. Muitas vezes, é através desta pessoa que demonstra a dificuldade de forma mais expressiva que a família chega para a terapia, muitas vezes sem ter a idéia do quanto este tratamento pode beneficiar a todos.
Outro recurso muito importante é a terapia de casal. Temos que ter em mente que a família começa com a formação do casal, e portanto a qualidade da relação do casal é fundamental para a criação e manutenção de uma família saudável. O casal precisa de uma boa cumplicidade para passar pelas crises vitais inerentes a família: adaptação a vida de casado, chegada dos filhos, a educação dos mesmos, conquistas profissionais, saída dos filhos de casa, chegada dos netos, etc... Cada uma dessas crises vitais abala o casal de uma forma, e é muitas vezes num desses momentos de transição que a terapia de casal pode trazer benefícios e impedir grandes problemas.
Há um mito que a terapia de casal acaba resultando em divórcio. Na prática, vemos que isso não é verdade. O que acontece muitas vezes é que o casal só busca esse tipo de terapia quanto a relação já esta muito desgastada e não há mais disponibilidade para re-investir no casamento. Isso realmente é lamentável, pois intervenções em crises vitais (como as citadas acima) ou em eventos traumáticos (infidelidades, perdas significativas) ajudarão o casal e se reorganizar e construir uma relação com mais qualidade e bem estar. A terapia de casal é um recurso muito válido para melhorar o casamento e a vida familiar, pois muitas vezes ao invés de nos esconder atrás de antidepressivos e buscas mirabolantes para resolver nossos problemas, devemos buscar soluções práticas, que efetivamente vão nos trazer não só alívio, mas novos recursos para efetivamente resolver o que nos incomoda.
E é por todas estas questões que devemos buscar conhecer, experimentar e fazer uso dos recursos oferecidos pelos psicólogos e terapeutas de família. Há um universo de possibilidades a explorar. Devemos nos despir de preconceitos, de idéias distorcidas e mitos sobre a psicologia, passando a vê-la como um caminho que nos leva a uma melhor qualidade de vida.


Dayani Croda Machado

domingo, 8 de março de 2009

Luto familiar *

Luto já é um tema tabu. Como se não bastasse, as poucas pessoas que se atrevem a discuti-lo, geralmente o fazem a partir de uma compreensão individual de tal vivência. Não se pode esquecer, no entanto, que o luto é não só uma experiência quase inevitável para todos e que, uma vez que se vive em sociedade, vive-se também o luto de modo compartilhado.

Penso, então, no luto no âmbito familiar. Uma perda por morte em uma família pode ser entendida como várias perdas, no plural, pois uma pessoa morta significa para um membro um filho, para outro um irmão, um pai, um tio, um primo, um neto, um companheiro...

Cada pessoa individualmente vive o luto com suas próprias características. Numa família, portanto, esses lutos por uma só perda se intercalam, se misturam, tornam-se uma teia. Vários lutos se misturando e se alimentando.

Umas das fundamentais tarefas de famílias que passam por perdas por morte é compreender que, embora todos tenham perdido uma mesma pessoa, cada um teve uma vivência com ela. Cada um, simbolicamente, perdeu alguém diferente, pois o significado que essa pessoa representava, é diferente entre os sobreviventes. O vazio em cada um é num lugar diferente.

Além disso, as pessoas têm maneiras diferentes de lidar com emoções e isso contribui ainda mais para a vivência diferenciada de cada luto.  Cada um sente de um jeito, expressa sua dor de um jeito, e isso complica mais este processo, pois estando fragilizados é ainda mais difícil lidar com as diferenças. Por isso, é muito comum que, nesse momento de dor, os sobreviventes criem expectativas uns sobre os outros com relação à vivência do luto, sem compreender nem aceitar por que cada um sofre diferente.

Luto é um processo pelo qual todas as famílias passaram ou passarão em algum momento. Sendo naturalmente um processo difícil, muitas vezes pode tornar-se ainda mais complicado dependendo de suas circunstâncias. Pensando justamente nessas questões inerentes a passagem do processo de luto pelas famílias que se entende a importância da Terapia de Família, no sentido de promover a saúde dos relacionamentos que continuam vivos.

 

* Texto levantando um dos aspectos trabalhados no artigo “O legado transgeracional do luto: todo morto deixa uma herança”, trabalho de conclusão do 2º ano do curso de Formação em Terapia de Casal e Família da psicóloga Juliana Lima Medeiros.