sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Crise de Meia-Idade???


Nossa vida, como tudo na natureza, é feita de ciclos, cada um marcado por uma tarefa evolutiva. É assim na infância, no inicio da adolescência, na passagem da vida adulta... cada fase tem seu período crítico, seus mitos e suas verdades. Mas percebo que, de todas, a mais mítica e assustadora é a famosa “crise de meia-idade”.

Assim como a adolescência, a meia-idade é um dos períodos mais cheios de conflitos, pois é pulsante a necessidade de uma intensa reformulação da identidade. Na grande maioria das vezes, a pessoa passou os anos anteriores muito ocupada com a aquisição de papéis e aptidões: crescimento profissional, formação e administração da família, aquisição de patrimônio, colocação social, entre tantas outras tarefas do mundo moderno. A crise de meia-idade surge no meio de uma aparente calmaria... trabalho estável, filhos crescidos (e muitas vezes saindo de casa), patrimônio consolidado, muitos objetivos alcançados e, em diversos casos, uma identidade perdida no meio de tudo isso.

Para ajudar (ou complicar) a meia-idade dos pais é concomitante à adolescência dos filhos... aí são crises sobrepostas: como ajudar meu filho a descobrir quem é, ou quem quer ser, se estou atrás das mesmas respostas? Na meia idade, apesar de tantos papéis aparentemente tão estáveis, é comum não se saber mais onde anda nossa verdadeira essência: “Sou o profissional tal, o pai da fulana, marido da beltrana...” mas e embaixo de tudo isso, quem eu sou? O que eu ainda quero da vida? O que ainda tenho a conquistar?

Nessa fase, é inevitável uma reformulação em todos os níveis, mas com certeza o conjugal é o que mais precisa de atenção. Não é à toa que os maiores índices de divorcio acontecem nessa fase. Depois de tantos anos olhando para frente, cuidando dos objetivos da família, quando marido e mulher se olham nos olhos após esses longos anos, as vezes levam um susto ao encontrar um surpreendente desconhecido.

É a hora de recasar. Olhar novamente para o companheiro, procurar conhecê-lo de novo, saber de seus sonhos, seus desejos, suas expectativas frente à vida. É hora de um novo contrato de casamento, com expectativas mais reais e ganhos a curto prazo... revive-se as descobertas dos primeiros anos de casado, pena que muitas vezes sem o mesmo afeto.

Para muitos, esses anos anteriores geraram um afastamento grande, mágoas incontáveis e um muro de frustrações. Para esses, o divórcio as vezes parece o único caminho; mas não é... muitas vezes um simples confronto de expectativas, uma melhora na comunicação e um novo pacto de investir na relação são suficientes para retomar o casamento e redescobrir a cumplicidade.

Por todos esse panorama, a meia-idade é um período muito fértil para a psicoterapia, tanto individual quanto de casal. Poder conta com ajuda para se redescobrir, para re-investir no casamento ou até para poder ter forças para mudar tudo é uma atitude de cuidado e responsabilidade. Talvez essa seja a fase mais adequada para buscar a tão falada qualidade de vida e se permitir investir na felicidade.

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