
Acredito que há muitos mitos e preconceitos em torno da necessidade e eficiência da psicoterapia para esta faixa etária. É comum eu ouvir frases do tipo: “Viveu a vida toda deste jeito, não vai mudar!”, “ Vai lá na terapia para ficar se queixando, isso já faz em casa” ou até “Tem tantos grupos que pode freqüentar, precisa é conversar, se divertir, isso é que vai ajudar”. O pior é que já ouvi frases desse tipo da classe médica e até de psicólogos, além de questionamentos de que tipo de terapia faço com pacientes tão maduros. Minha resposta é única: faço psicoterapia, e riquíssima!
Atender pessoas tão experientes é um privilégio e um grande desafio. Realmente, não dá para fazer uma psicoterapia tradicional, pois é preciso humildade e muita abertura para equilibrar tudo que se aprende e se ensina durante o processo. A experiência de vida é algo que confere muita autoridade a tudo que paciente nos traz, exigindo do terapeuta uma postura muito firme e ao mesmo tempo flexível para trazer opções de compreensão e de mudança condizentes com as teorias que acredita. Para esse processo dar certo é preciso mais que técnica, mais que saberes prontos, é preciso empatia e muito afeto para transformar antigas dores em novas possibilidades.
Geralmente que muito viveu tem muitas perdas, e por isso esse tipo de psicoterapia necessita de um conhecimento mais aprofundado sobre os processos de luto, tanto para trabalhar as perdas por morte ou separações, quanto para ajudar a elaborar as perdas do dia-a-dia, pois as limitações físicas se apresentam num ritmo crescente. Neste sentido, os idosos têm muito a aprender, pois se sua energia for bem administrada eles ainda podem muito.
Eu acredito em mudanças a qualquer tempo, seja a nível individual, conjugal ou familiar. Tenho muito orgulho de meus pacientes bem experientes que se abriram (ou estão se abrindo!) para a experiência, remexeram em dores do passado, enterraram mágoas e conquistaram mais saúde, mais qualidade de relações e melhor aproveitamento de suas capacidades. Isso me faz crer na psicoterapia para a terceira idade, defendendo com alegria que o ser humano é capaz de aprender em qualquer idade, até porque envelhecer é inevitável, mas amadurecer emocionalmente é uma opção de vida.
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