quinta-feira, 14 de julho de 2011

Psicoterapia na Maternidade

Estamos em uma época de muita inovação nos serviços oferecidos para terceira idade; cada vez mais se investe em serviços que melhorem as condições de vida de quem já conquistou os cabelos brancos. Nada mais lógico num país que, segundo pesquisas, tem hoje 19 milhões de idosos e previsão de dobrar este número até 2040. Apesar disso, percebo na clínica que essa demanda não tem sido apresentada nos consultórios de psicologia. Isso me faz questionar: não se acredita em psicoterapia para idosos?
Acredito que há muitos mitos e preconceitos em torno da necessidade e eficiência da psicoterapia para esta faixa etária. É comum eu ouvir frases do tipo: “Viveu a vida toda deste jeito, não vai mudar!”, “ Vai lá na terapia para ficar se queixando, isso já faz em casa” ou até “Tem tantos grupos que pode freqüentar, precisa é conversar, se divertir, isso é que vai ajudar”. O pior é que já ouvi frases desse tipo da classe médica e até de psicólogos, além de questionamentos de que tipo de terapia faço com pacientes tão maduros. Minha resposta é única: faço psicoterapia, e riquíssima!
Atender pessoas tão experientes é um privilégio e um grande desafio. Realmente, não dá para fazer uma psicoterapia tradicional, pois é preciso humildade e muita abertura para equilibrar tudo que se aprende e se ensina durante o processo. A experiência de vida é algo que confere muita autoridade a tudo que paciente nos traz, exigindo do terapeuta uma postura muito firme e ao mesmo tempo flexível para trazer opções de compreensão e de mudança condizentes com as teorias que acredita. Para esse processo dar certo é preciso mais que técnica, mais que saberes prontos, é preciso empatia e muito afeto para transformar antigas dores em novas possibilidades.
Geralmente que muito viveu tem muitas perdas, e por isso esse tipo de psicoterapia necessita de um conhecimento mais aprofundado sobre os processos de luto, tanto para trabalhar as perdas por morte ou separações, quanto para ajudar a elaborar as perdas do dia-a-dia, pois as limitações físicas se apresentam num ritmo crescente. Neste sentido, os idosos têm muito a aprender, pois se sua energia for bem administrada eles ainda podem muito.
Eu acredito em mudanças a qualquer tempo, seja a nível individual, conjugal ou familiar. Tenho muito orgulho de meus pacientes bem experientes que se abriram (ou estão se abrindo!) para a experiência, remexeram em dores do passado, enterraram mágoas e conquistaram mais saúde, mais qualidade de relações e melhor aproveitamento de suas capacidades. Isso me faz crer na psicoterapia para a terceira idade, defendendo com alegria que o ser humano é capaz de aprender em qualquer idade, até porque envelhecer é inevitável, mas amadurecer emocionalmente é uma opção de vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário