segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

VOCÊ CONHECE SEU FILHO?

            Uma pergunta a queima-roupa: “Você conhece o(s) seu(s) filho(s)?” Num primeiro momento a resposta afirmativa é automática, e a pergunta parece até ofensiva, pois é obvio que convivendo com o filho desde o nascimento toda a mãe/pai o conhece... óbvio! Será? Minha vivencia clínica me faz questionar novamente, pois na prática a realidade não se mostra assim tão obvia.

            Para conhecer alguém precisamos de tempo, de dedicação, de espaço emocional. Ressalto isso porque a maioria dos pais passa algumas horas  diárias na presença dos filhos, mas as vezes estão apenas fisicamente presentes sem interagir, sem dialogar ou mesmo sem manifestações de afeto. O pior é que é muito fácil isso acontecer: nos envolvemos com tarefas domésticas, TV, computador, telefone, jornal, ou mesmo a rotina escolar dos filhos... o tempo passa tão rápido que já é hora de dormir ou sair novamente, e não interagimos! Os filhos sentem isso, e as vezes aprendem esta forma de interação e nem sentem mais falta, isso vira o normal... até porque acontece também na casa dos amigos...

Uma pesquisa americana feita em 2009 chegou a triste estimativa que os pais passavam apenas cerca de 17 minutos SEMANAIS de tempo qualificado com seus filhos adolescentes (entenda-se tempo qualificado como momentos de diálogo e interação). Apesar de parecer assustador, eu acredito que a realidade brasileira não deve ser muito diferente e nem se limitar a esta faixa etária; vejo pais e filhos completamente distantes, cumprindo tarefas e obedecendo regras e protocolos, mas com pouco afeto e interesse uns pelos outros. É triste, interfere no desenvolvimento e pode passar despercebido, pois os filhos evoluem cognitivamente, mas não aprendem a se relacionar com qualidade.

Precisamos nos questionar sobre a qualidade de tempo que passamos com nossos filhos. Nós os conhecemos? Nos deixamos conhecer? Há trocas afetivas, carinhos verbais ou físicos em nossas casas? Sentimos prazer na companhia uns dos outros? Vou além e amplio o questionamento para o casamento, para os amigos, para os demais familiares... Que tempo estamos dedicando a nossas relações?

Para que possam responder estas perguntas sugiro uma brincadeira simples, mas que pode ser muito rica. Os adolescentes chamam de “quiz”: consiste em uma série de perguntas do tipo cor preferida/ comida preferida/ melhor amigo, etc... pai e filho respondem um do outro e depois checam quantos cada um acertou. Os resultados são sempre assustadores! Ainda mais quando incluem a historia da família (como pai e mãe se conheceram/ como a mãe soube que estava grávida, etc...). É uma pena constatar com tudo isso que muitas vezes a família não compartilha nem suas historias, coisa que as crianças adoram!
Então fica a dica: com ou sem “quiz” vamos buscar uma melhor forma de interação, passando tempo qualificado com quem amamos. E nos casos em que mesmo se esforçando a interação não fluir bem talvez seja a hora de procurar ajuda, afinal os psicólogos e terapeutas de família estão aí para isso: qualificar relações e melhorar a comunicação, gerando proximidade e afeto. 

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