terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Casamento



Casamento: a lógica do um e um são três
Quando penso em casamento sempre me vem em mente aquele símbolo das duas alianças entrelaças, imagem tão comum nas certidões de casamento em diversas religiões. O que me encanta nessa imagem não é a simbologia das alianças como algo eterno, ou qualquer visão romântica da simbologia do compromisso, mas sim em como a representação gráfica desta imagem traduz com clareza a complexidade de ser um casal.

Quando falo em casamento, não estou me referindo à questão jurídica, mas sim ao ato de dividir a vida com alguém, numa relação de comprometimento. Este ato de se comprometer, de realmente partilhar, é algo muito complexo, tanto que muitos casais, apesar de “casados oficialmente”, na realidade, nunca chegaram a casar emocionalmente, não construindo o que chamamos de conjugalidade, a formação de um verdadeiro casal.


Acredito que todo fascínio e toda dificuldade de ser casal, reside no fato de o casal encerrar, ao mesmo tempo, na sua dinâmica, duas individualidades e uma conjugalidade. Voltando ao símbolo, cada aliança separadamente significa um indivíduo, com seus desejos individuais, sua história, sua inserção de mundo, sua percepção da realidade, seus projetos de vida, sua identidade, sua família de origem... e a parte em que elas se entrelaçam significa a conjugalidade, que constitui um desejo conjunto, uma história de vida conjugal, um projeto de vida de casal, uma identidade conjugal. Esse símbolo mostra o dilema: Como ser dois sendo um? Como ser um sendo dois? Na lógica do casamento contemporâneo, um e um são três.


Construir e viver essa lógica é o grande desafio da vida adulta. A primeira etapa é conseguir formar um verdadeiro casal: ter clara sua identidade individual, conseguir a distancia ótima da família de origem e conciliar projetos individuais com conjugais., abrindo espaço para compartilhar uma vida. A segunda etapa é construir a conjugalidade, esse espaço conjunto que é formado pela identidade do casal.


O malabarismo do casamento é equilibrar essas partes: não anular seu lado individual, não anular a individualidade do outro, não supervalorizar nem minimizar o nós... Harmonia, clareza, limites bem definidos, como a bela imagem das alianças entrelaçadas, é o sonho do casamento feliz e realizador.


A terapia de casal tem muito a contribuir em todo esse processo, pois dispõe de inúmeros recursos para ajudar a promover uma conjugalidade saudável. Há um mito de que terapia de casal resulta em separação, mas ele não é verdadeiro. O compromisso da terapia é com a promoção da saúde emocional dos membros do casal e não com a manutenção ou a ruptura do casamento.


Muitas vezes a terapia de casal é o caminho para realmente entrelaçar alianças rumo à realização pessoal/conjugal. Em alguns casos, ela inicia com o tratamento individual de um dos membros do casal, que com a psicoterapia individual, consegue sistemicamente gerar transformações na relação conjugal. Seja qual for o início, qual a escolha do caminho, sempre se pode dispor de ajuda para buscar qualidade de vida e de relacionamentos.


Dayani Croda Machado
CRP 07/14.656

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