terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A importância da família


O homem é um ser sabidamente social. Pode-se perceber que diferente de outros mamíferos, nós precisamos de cuidados básicos oriundos de outro(s) ser(es), geralmente os pais, por longos – e cada vez mais longos – anos de nossas vidas. Ou seja, já nascemos vinculados e dependentes, uma vez que é impossível sobrevivermos nossos primeiros anos sozinhos. Isso tem verdadeiramente uma grande implicação no futuro.

Logo após o nascimento, nossa dependência e ligação com outros semelhantes são vitais. Precisamos dos mais velhos e mais experientes para nos alimentarem e nos protegerem do frio e de diversas outras ameaças do mundo externo. Na nossa cultura, esperamos que esse papel protetivo seja cumprido pela família (que pode ter ligação biológica e/ou afetiva). Tudo isso serve para dizer que estamos desde muito cedo emaranhados física e emocionalmente com aqueles que nos rodeiam.

Com os anos, a qualidade da dependência da família vai se modificando. As vivencias de cada um estão altamente vinculadas àqueles com quem se convive. A experiência é de todos os membros, sendo particularmente percebida a partir da ótica de cada indivíduo. Embora cada um possa enxergar de uma forma pessoal, a experiência e o ciclo familiar pertencem a todos.

Em famílias com crianças e adolescentes, muitos dos comportamentos manifestados pelos filhos refletem uma dinâmica que pertence ao grupo familiar como um todo. É muito difícil pensar que pessoas, tão cedo em suas vidas, por estarem altamente vinculadas a seus familiares, possam ter conflitos descontextualizados, isto é, fora de suas relações principais. Aqui, não nos referimos a culpa, mas a uma compreensão sistêmica, na qual não é possível pensar de forma isolada, tampouco linear. Atualmente, não se compreende um problema de ordem psicológica, partindo de uma relação causa-efeito, na qual uma coisa causa outra e ponto final, mas sim a partir de uma visão ampla, de multideterminação.

Evidentemente, isso não serve apenas para famílias com crianças e adolescentes. As questões “de relação” podem se apresentar em qualquer momento do ciclo vital da família. Por mais que se possa fazer um movimento de individuação, os vínculos tão fortemente experimentados na infância podem ter e, geralmente têm, uma grande influência em etapas mais tardias de nossa existência.

Assim, mais do que uma compreensão jurídica da importância da família que, aliás, vem mudando (e precisa ser mudada), devemos pensar esse restrito núcleo como o primeiro espaço de relações interpessoais. É, pois, no âmbito familiar que o ser humano vivencia os exemplos que utilizará no estabelecimento de suas relações futuras.


Texto publicado no Jornal do Eixo Baltazar - Porto Alegre -  Julho de 2008

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