terça-feira, 17 de março de 2009

As Evoluções da Psicologia e da Terapia de Família


Estamos passando por um momento de “desmistificação” da psicologia. A cada dia mais pessoas tomam conhecimento desta ciência, passando a usá-la não apenas como um pronto socorro para crises instaladas, mas sim como ferramenta para uma melhor qualidade de vida e de relacionamentos.
A psicologia evoluiu: Saiu das 4 paredes do consultórios para interagir com a sociedade, para compartilhar saberes à serviço da saúde e bem estar das pessoas. Evoluiu do tratamento de sintomas individuais – “tratar os loucos” – para a busca de auto-conhecimento, expansão dos recursos pessoais, além da otimização das relações de casal, família e organizações.
A terapia de família se mostra como grande precursora deste movimento, afinal, todos temos padrões familiares para rever. Percebemos que a família pode ser tanto uma fonte de saúde, como de adoecimento e por isso se faz tão necessário conhecer suas dinâmicas.
Podemos considerar a família como um sistema complexo, marcado por relações intensas e transformadoras. Desde que nascemos, temos em nossos pais, avós e parentes próximos nossos modelos de vida, sendo a família a matriz geradora de todas as outras relações. Portanto, muitas vezes seguimos vida à fora repetindo padrões pouco funcionais, tropeçando e repetindo histórias vividas em família, num movimento que nos impede de evoluir.
As vivencias em consultório nos mostram que dificuldades nos relacionamentos familiares acabam gerando o adoecimento de todos os seus membros. Em função das diferenças pessoais, cada um manifesta esses conflitos de uma forma: alguns com doenças físicas freqüentes, outros com perda de funcionalidade e problemas no trabalho, desadaptações escolares, problemas emocionais... enfim, cada um “escolhe” um sintoma que faz um link com suas questões individuais e a problemática familiar. Muitas vezes, é através desta pessoa que demonstra a dificuldade de forma mais expressiva que a família chega para a terapia, muitas vezes sem ter a idéia do quanto este tratamento pode beneficiar a todos.
Outro recurso muito importante é a terapia de casal. Temos que ter em mente que a família começa com a formação do casal, e portanto a qualidade da relação do casal é fundamental para a criação e manutenção de uma família saudável. O casal precisa de uma boa cumplicidade para passar pelas crises vitais inerentes a família: adaptação a vida de casado, chegada dos filhos, a educação dos mesmos, conquistas profissionais, saída dos filhos de casa, chegada dos netos, etc... Cada uma dessas crises vitais abala o casal de uma forma, e é muitas vezes num desses momentos de transição que a terapia de casal pode trazer benefícios e impedir grandes problemas.
Há um mito que a terapia de casal acaba resultando em divórcio. Na prática, vemos que isso não é verdade. O que acontece muitas vezes é que o casal só busca esse tipo de terapia quanto a relação já esta muito desgastada e não há mais disponibilidade para re-investir no casamento. Isso realmente é lamentável, pois intervenções em crises vitais (como as citadas acima) ou em eventos traumáticos (infidelidades, perdas significativas) ajudarão o casal e se reorganizar e construir uma relação com mais qualidade e bem estar. A terapia de casal é um recurso muito válido para melhorar o casamento e a vida familiar, pois muitas vezes ao invés de nos esconder atrás de antidepressivos e buscas mirabolantes para resolver nossos problemas, devemos buscar soluções práticas, que efetivamente vão nos trazer não só alívio, mas novos recursos para efetivamente resolver o que nos incomoda.
E é por todas estas questões que devemos buscar conhecer, experimentar e fazer uso dos recursos oferecidos pelos psicólogos e terapeutas de família. Há um universo de possibilidades a explorar. Devemos nos despir de preconceitos, de idéias distorcidas e mitos sobre a psicologia, passando a vê-la como um caminho que nos leva a uma melhor qualidade de vida.


Dayani Croda Machado

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