quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Psicologia Financeira


Apesar dos problemas financeiros serem um assunto recorrente, fiquei chocada com os dados apresentados pelo programa Globo Repórter de que de cada três famílias de classe média, duas estão endividadas. Esse dado assustador me faz questionar o papel da psicologia frente a isso, pois muitos dos problemas somáticos, psicológicos e conjugais têm sua origem em crises financeiras.

Nossa relação com o dinheiro é algo aprendido transgeracionalmente, ou seja, trazemos os modelos de nossa família de origem – pai, mãe, avós... É com eles que formamos nossos modelos de consumo, bem como os valores que nos motivam a gastar ou a poupar. Esses ensinamentos vão passando de geração em geração sem que possamos nos dar conta, e se não forem questionados irão passar para nossos filhos e assim por diante.

Entender esses processos é fundamental, pois, em muitos casos, o endividamento não é sinônimo de pouca renda, mas sim da forma com que se lida com o dinheiro. Podemos perceber isso nos exemplos contrastantes que nos rodeiam: pessoas que ganham salário mínimo com boas poupanças e pessoas que ganham salários invejáveis e vivem endividados. Como podemos explicar isso? Podemos culpar o consumismo? A desorganização? Alguma patologia? Penso que isso implica em um leque muito mais amplo.

Dinheiro significa recompensa, investimento, gratificação, poder. A forma com que as pessoas se relacionam com questões financeiras refletem o seu jeito de lidar com o que recebem, explicitando suas tendências mais primitivas. É por isso que é tão difícil mudar neste aspecto, pois apesar de toda uma tentativa de controle consciente, há questões inconscientes envolvidas. Diante disso, precisamos ampliar nosso olhar, pois os problemas financeiros podem refletir problemas emocionais, precisando de ajuda profissional para serem resolvidos.

Podemos perceber isso pela dificuldade das pessoas em lidar de forma objetiva e realista com o dinheiro. Em estatísticas de consultório, percebo que nem 10% das pessoas conseguem ter um registro objetivo de quanto ganham e quanto gastam, nem muito menos uma noção real do seu padrão de consumo. Esse é o primeiro dado preocupante, pois sem esses dados não é possível fazer um bom planejamento, e isso é a porta de entrada para os problemas financeiros. Então alerto a todos: papel e caneta são os maiores aliados. Se sentir dificuldades para fazer esses registros “tão simples” é melhor repensar sua relação com suas finanças.

Precisamos ampliar nossos conceitos sobre essa problemática que esta em nível de epidemia e perceber que desorganização financeira é o um problema a ser tratado . Hoje, como base a Abordagem Sistêmica e a Psicologia Financeira, é possível trabalhar a relação com o dinheiro, os padrões e crenças que influenciam os diversos aspectos da vida, a fim de tornar essa relação mais equilibrada. Sem dúvida, com tranqüilidade financeira, fica muito mais fácil enfrentar a vida.

Dayani Croda Machado

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