sexta-feira, 10 de junho de 2011

O QUE ESPERAR DO CASAMENTO




“Eu não posso ser a fonte de todas as suas alegrias... não agüento mais ser responsabilizado por tudo que acontece com você! Nosso casamento não pode ser o centro do universo!!!” Esse é um desabafo comum nas terapias de casal mas que me causa o mesmo impacto cada vez que ouço, pois comprova na prática o que a teoria tanto afirma: a ruína da maioria das relações é gerada pelas grandes expectativas que o casal depositava nela. Isso me leva a questionar: Será que sabemos o que esperar de uma relação?
Mesmo com diferenças entre os gêneros, de um modo geral, somos treinados desde a infância a alimentar grandes expectativas a respeito do casamento. As mulheres tendem a sofrer de uma “síndrome de Cinderela” na qual esperam que o príncipe encantado, romântico e amoroso, proporcione uma perfeição que resultará em “viver felizes para sempre”. Já os homens tendem a esperar uma relação tranqüila, com bom sexo e poucas queixas, que lhe proporcione tranqüilidade emocional e consistência do lar... eu chamaria de “síndrome de Amélia”. Enfim, com expectativas tão contrastantes, como pode dar certo?
Há sempre um contrato secreto em casa união. Expectativas veladas, muitas vezes de fundo inconsciente e irracional, permeiam a forma com que cada um se relaciona com o outro, moldando as percepções do que acontece na relação. Assim, muitas vezes sem perceber, um dos parceiros passa a esperar que o outro supra toda a sua necessidade de atenção, carinho e reconhecimento de que necessita, gerando uma grande armadilha. É uma armadilha comum, pois no inicio de um relacionamento o outro realmente consegue suprir, mas com o tempo isso se torna um fardo pesado demais para os ombros de qualquer um e a aquilo que encantava, sufoca; aquilo que nutria, passa a sugar e a relação entra numa crise silenciosa, progressiva e muitas vezes letal.
Os primeiros sintomas deste tipo de crise são as sensações contrastantes que aparecem entre o casal: um se sente carente, o outro sufocado; um acha que dá tudo e outro que não recebe nada. Assim se instalam as cobranças e a comunicação passa a não funcionar. É uma crise progressiva que pode durar anos e até estabilizar numa relação enfadonha e sem sabor, gerando o adoecimento de um ou de ambos, num mar de reclamações e desapontamentos.
Há solução para esse tipo de problema? Afirmo que sim. E muitas, nas mais diversas modalidades! Podemos buscar uma terapia de casal para identificar esse padrão relacional e, a partir de uma comunicação eficaz possamos criar uma forma de se relacionar que contemple as necessidades e limites de cada um, buscando que essa relação ocupe o seu papel de nutrir ao invés de castigar. Há também a psicoterapia individual em que poderemos trabalhar essas altas expectativas, buscando novas fontes de gratificação, reconstruindo a auto-estima e, a partir dessas mudanças, gerar mudanças na relação. Ninguém merece uma relação cheia de cobranças e insatisfações! Por isso, não importa o caminho, o que importante é começar a caminhar e buscar a melhor forma de ajuda para maneirar nas expectativas e realmente aproveitar tudo de bom que o outro pode nos dar.

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