sexta-feira, 17 de junho de 2011

CIUME

“Eu não sou ciumento!” “Ciúme é prova de amor!” “Se existe ciúme é porque existe infidelidade!”. Quando falamos de ciúme cada um tem uma opinião e uma vivência do assunto, mas afinal, que papel o ciúme ocupa em nossos relacionamentos?
O ciúme é um sentimento bem conhecido de todos nós. Desde a mais tenra infância somos invadidos por sentimentos intensos quando alguém ou alguma coisa toma a atenção ou o afeto das pessoas a quem amamos. É assim que se inaugura o sentimento de ciúme, que vai atingir seu ápice na conjugalidade, tomando o colorido que as vivências na família de origem, amigos e até a cultura irão ajudar a delinear.
Podemos entender o ciúme como uma reação normal de apego e medo da perda de algo é muito valioso. O mito de que ciúme é prova de amor provem dessa idéia, já que podemos entender por amor essa validação. A questão é que cada um conscientiza e expressa esse medo da perda de um jeito, podendo sentir ciúme, mas não expressá-lo de forma típica. Assim, não podemos tomar a medida do ciúme como medida para o amor, nem nos considerar totalmente desprovidos deste sentimento quando estamos ligados a alguém.
De um modo geral, o ciúme romântico desenvolve-se quando sentimos que o parceiro não esta tão estreitamente conectado conosco como gostaríamos. Neste sentido, o ciúme pode ser dirigido a outra pessoa ou ao trabalho, amigos, lazer, família de origem, filhos, ou qualquer outra coisa ao qual o parceiro dedique tempo e energia. Sentir isso a um nível moderado pode ser considerado normal, mas se isso se intensifica, pode significar um sinal de alerta de que algo não vai bem, seja no relacionamento conjugal ou no relacionamento com nós mesmos.
Em geral, podemos fazer uma correlação entre os grandes ciumentos e os problemas com auto-estima, pois as pessoas que não conseguem dar valor a si mesmo, em geral, não se julgam suficientemente capazes de manter a afeição do outro, vivendo com medo de serem traído ou abandonados. Assim, as pessoas ciumentas permanecem ambivalentes entre o amor e a desconfiança, podendo ficar obcecadas por triangulações, muitas vezes imaginárias.
O ciúme exagerado é danoso ao relacionamento porque acaba se tornando uma profecia auto-realizadora. Estas profecias são, em resumo, definidas como crenças capazes de exercer influência sobre aqueles que nelas crêem: as pessoas mudam de atitude e se engajam em comportamentos que aumentam as chances de ocorrer aquilo que crêem ou temem. No caso dos ciumentos, o comportamento desconfiado e o clima desagradável que ele gera acabam afastando o parceiro, deixando a relação mais vulnerável ao rompimento ou a traições.
Neste sentido podemos dizer que os ciumentos têm maior probabilidade de serem traídos que os não ciumentos, pois muitas vezes não se dão conta de que é seu próprio comportamento desconfiado que mina a relação e abre espaço para um terceiro. Desta forma, foi o parceiro ciumento que iniciou o ciclo de desconfiança que acaba em infidelidade, e não o contrário, podendo ser possível pensar que com outra dinâmica de relação a infidelidade poderia não ter acontecido.
Diante disso, quando o ciúme começar a ser o motivador de discussões e de problemas conjugais é hora de pedir ajuda. Há diversos recursos para quebrar esses ciclos disfuncionais usando tanto a terapia de casal quanto a psicoterapia individual para resolver esta questão. Neste sentido é importante buscar um profissional qualificado para diagnosticar se o problema esta no funcionamento do casal, no psiquismo de um dos conjugues ou em ambos, para assim poder adotar o método de tratamento mais eficaz para cada um dos casos. Buscar uma qualidade de relacionamento e se livrar dos incômodos do ciúme exagerado é uma medida importante para reencontrar a qualidade de vida afinal, quem se ama, se cuida.

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