sexta-feira, 15 de maio de 2009

Os Desafios da Maternidade


“Ser mãe é padecer no paraíso!” Essa frase me intriga desde os tempos em que eu mau sabia o que significava “padecer” e hoje me parece a mais sublime das verdades. Apesar de batida, é uma frase que traduz muito bem as delícias, dissabores e desafios que envolvem a maternidade.

As mães padecem... os filhos não vem com manual de instrução... chegam frágeis, num momento de total fragilidade das mulheres; corpo ressentido por mudanças drásticas na gravidez, mundo emocional bombardeado por temores quanto a competência para cuidar de um bebê, medo das mudanças na relação conjugal... o cansaço da rotina com um recém nascido, as mil avós, tias, amigas dando dicas que mais atrapalha que ajudam... expectativas, expectativas, expectativas... mesmo a mais segura das mulheres padece, carece de cuidado para cuidar...

O paraíso chega... o primeiro toque... o primeiro olhar... o sentimento que nada mais importa... o prazer de ser única e insubstituível para aquele pedaçinho de gente... e depois segue nos primeiros sorrisos, primeiras gracinhas, primeiras palavras e no prazer de assistir de camarote o desabrochar de um novo ser.

Encontrar um equilíbrio neste “padecimento no paraíso” não é tarefa fácil. Tem horas que a maternidade parece uma dádiva, outras vezes, um castigo... não aceitar essa dualidade e não criar espaço para desintoxicar esses sentimentos é a porta de entrada para uma depressão pós-parto e para transtornos depressivos subseqüentes.

O papel materno é totalmente absorvente... o filho passa a ser a coisa mais importante, a prioridade absoluta... e não é esse o problema! O problema começa quando se espera que todas as gratificações e reconhecimentos que necessitamos provenham dessa relação. Aí acontece o desequilíbrio: descuidados do nosso papel de esposa, da profissão, dos amigos, deixamos de fazer coisas que nos nutrem e acabamos abrindo mão das outras facetas que constituem nossa identidade. Paradoxalmente, essa supervalorização da maternidade nos transforma em péssimas mães!

Se estamos confusas e mal nutridas, fica muito mais difícil enfrentar os percalços da primeira infância, as turbulências da adolescência e o bater de asas da vida adulta. Padecemos e gozamos do paraíso em cada fase e podemos até adoecer quando nosso ninho fica vazio...

Mães também precisam de cuidado... e a primeira pessoa cobrada é o parceiro. É aí que o casamento padece. Não é por acaso que os maiores índices de divórcio acontecem no primeiro ano de vida do bebê e quando os filhos saem de casa. São momentos de crises vitais, inevitáveis. O casal tem que se reorganizar e encontrar um novo equilíbrio, uma nova forma de relação. A terapia de casal esta aí para ajudar a não deixar que essa onda vire um tsunami.

São tantos os desafios da maternidade... Cuidar de si, cuidar do casamento e ainda cuidar dos filhos... ter em mente que tanto a falta de cuidado quanto o excesso fragiliza, impede um crescimento saudável. O maior desafio é acertar a dose e podemos/devemos buscar ajuda se nos perdemos pelo caminho. Uma maternidade saudável só é conquistada quando a mulher escondida atrás da mãe esta bem cuidada, física e emocionalmente.

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