sexta-feira, 26 de junho de 2009

Quando o final não é feliz...



Todos desejamos encontrar um companheiro, namorar, traçar um caminho comum e tentar “ser feliz para sempre...”. Essa busca, que se inicia na adolescência, muitas vezes perdura pela vida toda, mas nem sempre tem um final feliz. Todos ficamos chocados com o número significativo de crimes passionais ocorrendo em nossa cidade (Palmeira das Missões); verdadeiras tragédias que ceifam vidas na plenitude da juventude, desgraçando famílias inteiras e nos deixando sem saber o que pensar.

Não estou aqui para fazer diagnósticos ou julgamentos, mas sim discutir a questão sem pudores, focando na disfuncionalidade dos relacionamentos afetivos. Há sinais de alerta que precisamos conhecer para proteger nossos jovens de finais tão trágicos.
Precisamos estar atentos para as “pequenas violências” que já começam a acorrer no inicio dos namoros. A submissão e renúncia da identidade são as primeiras coisas a aparecer. Vemos meninas lindas, cheias de vida e espontaneidade começarem a se apagar diante de namorados ciumentos, abrindo mão dos amigos, do convívio com a família, dos gostos pessoais... claro que uma certa dose disso ocorre em todos os relacionamentos, mas nesses casos não é algo transitório, mas sim progressivo, que acaba gerando um distanciamento cada vez maior das pessoas que poderiam questionar tal posição.

Toda relação é uma questão de encaixe. Muitas vezes, enquanto um se submete e o outro dita as regras, a relação vai “bem”... até que alguém questione. Precisamos prestar atenção em como o jovem casal se organiza nas primeiras discordâncias: é sempre o mesmo a ceder? Há lugar para o diálogo? Há ameaças de abandono? Acontecem mudanças de ambas as partes ou apenas um se molda ao outro?

Precisamos educar nossos filhos para combater qualquer sinal de violência nos relacionamentos. Discussões muito ásperas e agressões verbais já são primeiros indícios de uma personalidade agressiva. Um mínimo empurrão, segurar os braços com força, um puxão de cabelo, um mínimo tapa... enfim, toda grande agressão inicia com uma pequena. Temos que orientar a todos que NENHUM TIPO DE VIOLÊNCIA é aceitável numa relação conjugal, pois sempre é a porta de entrada para agressões maiores.

A agressão física é o sintoma que expressa a impossibilidade de se comunicar. Nesse sentido, agressor e agredido são vítimas, pois estão reféns do descontrole e da inabilidade de encontrar outras formas de se comunicar. Relações onde existe agressão física são construídas sobre os pilares de abusos e submissão gerada pelo medo. Isso acaba gerando uma dinâmica perversa, onde a vítima se envergonha e silencia, muitas vezes se julgando causadora da agressão. NADA JUSTIFICA AGRESSÃO! Se conseguirmos passar essa premissa para nossos filhos, já conseguiremos evitar muitos desfechos catastróficos.
Vamos abrir canais de diálogo, conversar com nossos filhos adolescentes e jovens adultos sobre seus relacionamentos, sua satisfação conjugal e expectativas. Precisamos desmistificar a idéia de que sapos viram príncipes, mostrando que muitas vezes as coisas que nos desagradam no início podem se tornar intoleráveis com o passar do tempo.

Claro que isso não é uma tarefa fácil. Para isso podemos contar com ajuda, buscando uma terapia de família para promover esse diálogo e reaproximar pais e filhos. Vamos investir em prevenção, usar as tragédias como motivadoras para a construção de novos caminhos rumo a finais mais felizes.

Dayani Croda Machado

Nenhum comentário:

Postar um comentário